Caminho por uma noite escura,
Por uma estrada sem fim,
Uma vida sem fim,
Sem alma.
Busco a multidão para ter vida,
Para encher de vida esta carne maldita.
Seu sangue é a seiva que me alimenta,
Cora meu rosto,
Dá forças a meus braços,
Aquece meus lábios.
Perguntas então se sou a razão te levando à loucura
Ou a insensatez da ilusão que te acorrenta.
Sou um ser da noite,
Criatura das trevas
O tudo, o ápice
Ao desejo o momento propício,
Por outro lado,
Eu nem existo
Sou o nada, o abismo,
Um salto do precipício.
Sou a mais deplorável das criaturas
Que não merece nem a redenção do paraíso
Nem o castigo do fogo do inferno.
Tenho em minhas mãos
O sonho de toda humanidade
O tesouro da juventude
E a maldição da eternidade
(Tão sonhada por tantos,
Tão desprezível para mim.)
Na calada da noite,
Quando imaginas estar sozinho
Estou ao teu lado,
Amando seu perfume,
Sentindo a sua alma,
Desejando seu corpo efêmero,
Invejando seus cabelos brancos...
Assim sou eu,
Assim somos nós
Os piores predadores da raça humana.
O seu pior pesadelo.
Júlia Fernandez - mar/2005