Tuesday, October 22, 2013

A vida, que engraçada...

A vida é mesmo muito engraçada... Sinto-me no direito de falar dela, já que não participo mais dessa grande aventura...

É engraçado como os momentos em que nos sentimos bem, não precisam ser colocados no papel... Talvez por isso não escrevo há tanto tempo... Há tanto tempo que tinha a felicidade de mãos dadas comigo, como melhor amiga. Tudo bem que esse tempo, na verdade, não é nada perto da eternidade que me aguarda.

É engraçado que quando tudo vai bem, o que queremos é viver e que se exploda o resto... Prá quê palavras? No momento de felicidade elas estragam tudo...

Mas quando tudo dá uma reviravolta e, finalmente, o inevitável acontece, a felicidade te olha nos olhos, oferece um último momento de prazer e parte com um aceno. A nuvem encobre o sol que brilhava tão gostoso, tão quentinho, e o que sobra são as palavras...

Na verdade elas não são suficientes nessas horas também... Nem todas palavras do mundo estancam o sangramento de um coração. Resta deixar que as lágrimas enxaguem toda melancolia que o envolve.

E é assim que se faz: Primeiro, chora-se uma noite inteira... depois um pouco por noite... depois um pouquinho por uma lembrança, uma foto, uma saudade...

Até que se acostume com a ausência, com a saudade e com as lembranças... As lágrimas dão lugar, finalmente às palavras.

Não, elas nunca serão suficientes... servem apenas como alívio, o grito perdido no escuro da noite. O coração vai inchando até explodir e lançar todas pelo ar, onde se perdem, já que não importam a mais ninguém. Já que pertencem a única pessoa a quem elas jamais irão atingir...

Mas e daí, quem se importa? Se forem suficientes para amenizar as perdas desse jogo da vida, está bom.

O único problema é quando não se participa mais desse jogo... e é necessário fazer isso pela eternidade.

Júlia Fernandez